Boate Baby Doll: onde a juventude dos anos 80 dançou seus sonhos



Por Luís Fábio – especial para o Blog da Rádio 90’s Macapá

Quando falo da Boate Baby Doll, não estou falando apenas de um lugar. Estou falando de uma fase da minha vida e da vida de muitos jovens de Macapá nos anos 80. Um tempo em que a dança era mais que diversão: era identidade, amizade e sonho.

A Boate Baby Doll ficava localizada na Rua Leopoldo Machado, esquina com Av. Mendonça Furtado, no bairro Central e pertencia ao Empresário Rodolfo Juarez, que também apresentava os eventos da época. Ele teve uma ideia visionária: criar uma danceteria pensada exclusivamente para adolescentes. Ela funcionava apenas aos sábados e ia até as 22 horas, respeitando a idade do público. O som ficava por conta do DJ Ita, figura muito conhecida, que mais tarde montaria o famoso Som Imperial, tocando no Círculo Militar e no Independente Esporte Clube, no Município de Santana.

Grupo Gemini: Boate Baby Doll anos 80. Foto: Rodolfo Juarez.


No começo, a Baby Doll era totalmente voltada para a dança. O break dance dominava tudo. O mundo vivia o impacto de Michael Jackson, e nós queríamos dançar como ele. Todo fim de semana tinha concurso, fosse individual ou em grupo. A pista fervia.

Por volta de 1985, outra febre tomou conta da juventude: os concursos inspirados no Menudo. Aquilo foi algo gigantesco. A partir deles surgiram vários grupos, como Tremendo, Los Chicos, ambos de Porto Rico, e aqui no Brasil o Dominó, que virou referência para todos nós.



Foi nesse clima que nasceu, em Fazendinha, o grupo The Friends — “Os Amigos”. Éramos eu, Madson, George e João. Quatro amigos, assim como o Dominó, e por isso dançávamos apenas músicas deles. Nossa primeira apresentação foi na inesquecível Saudosa Maloca, um renomado bar localizado no Balneário da Fazendinha, um momento que guardo com muito carinho.

Rodolfo Jr. Integrante do Grupo Gemini. Foto: Arquivo pessoal. 


Depois vieram apresentações no Bar Estrela do Mar, também localizado em Fazendinha, e, em seguida, os concursos em Macapá. O primeiro foi no Trem Desportivo Clube, onde fomos campeões. Aquilo mudou tudo. A Escola José do Patrocínio, onde estudávamos, nos convidou para nos apresentar, e a partir dali os convites começaram a surgir naturalmente.

Passamos por palcos importantes como o Independente Esporte Clube, o Círculo Militar e a própria Baby Doll, onde ficamos em 3º lugar em um concurso com mais de 30 grupos. Também nos apresentávamos em aniversários e festas. Curiosamente, ficamos mais conhecidos em Macapá do que no próprio bairro de Fazendinha.

Balneário da Fazendinha, anos 80. Foto: Willyam Almeida. 


Em 1987, o The Friends chegou ao fim, mas minha história com a dança não acabou. Continuei participando de outros grupos, e o mais conhecido deles foi o Candy. Vivemos momentos inesquecíveis, como dividir o palco com o Dominó nacional e fazer a abertura de um dos eventos mais importantes da cidade: o Miss Amapá, no Avestino Ramos, com o ginásio completamente lotado.

A Boate Baby Doll foi mais do que uma danceteria. Foi um ponto de encontro, um espaço de expressão e um capítulo importante da cultura jovem de Macapá. Quem viveu sabe: ali não era só dança, era sentimento, era pertencimento, era história sendo escrita a cada batida do som.

Luís Fábio é formado em Educação Física, Comunicação e Pedagogia. 

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