Almanaque 90’s | Lamba House Quando a lambada esolveu entrar na pista eletrônica


Se você viveu o início dos anos 90, certamente lembra daquele momento em que a música dançante parecia não ter limites. Tudo era permitido: remix, versão, colagem, batida eletrônica misturada com ritmo brasileiro. Foi nesse clima que surgiu um disco curioso, hoje quase cult entre colecionadores e amantes da dance music: Lamba House.

Mais do que um álbum, Lamba House funciona como um retrato sonoro de uma época em que a lambada ainda incendiava pistas e o house começava a ganhar espaço nas boates, rádios e festas do Brasil.

O que foi o Lamba House?

Lamba House é uma coletânea lançada em 1990, reunindo sucessos da lambada em versões remixadas, com batidas eletrônicas inspiradas no house music. Não é um projeto de banda ou artista específico, mas sim uma experiência de pista, pensada para tocar do começo ao fim, como se fosse um set de DJ prensado em vinil.

📀 Ano: 1990
🏷 Gravadora: Polydor / PolyGram
🎶 Estilo: Lambada • House • Dance • Latin
💿 Formato: LP e CD

A proposta era simples e ousada: levar a lambada para dentro da linguagem das pistas eletrônicas, que começavam a dominar o início da nova década.

A fusão improvável que deu certo

A lambada vinha de um auge impressionante. Depois de conquistar o Brasil e o mundo no fim dos anos 80, o ritmo já não era apenas uma dança sensual — era um fenômeno cultural. Tocava nas rádios, nas festas de bairro, nos clubes e até nas novelas.

Já o house music, importado das pistas internacionais, ganhava cada vez mais espaço nas grandes cidades brasileiras, principalmente no Sul e Sudeste, onde DJs experimentavam batidas eletrônicas em discotecas e clubes alternativos.

O Lamba House nasce exatamente nesse cruzamento:

  • A calidez e sensualidade da lambada

  • O groove repetitivo e hipnótico do house

O resultado? Um disco feito para dançar sem pensar muito, apenas sentir o ritmo.



Faixas, mixes e clima de pista

Em vez de canções isoladas, o álbum aposta em blocos mixados, criando uma atmosfera contínua. Sucessos conhecidos ganham nova roupagem, com batidas mais aceleradas e clima eletrônico.

Entre os destaques, aparecem versões e trechos de músicas que marcaram época, interpretadas por nomes como:

  • Banda Beijo

  • Cheiro de Amor

  • Margareth Menezes

  • Elba Ramalho

  • Luiz Caldas

  • Caetano Veloso

Clássicos da lambada e da música popular brasileira surgem reimaginados para a pista, com cara de boate, pista iluminada e fumaça no ar.

O auge da lambada no Sul e Sudeste

Embora tenha nascido no Norte do Brasil, foi no Sul e Sudeste que a lambada viveu um de seus momentos mais intensos no final dos anos 80 e começo dos 90. Casas noturnas, danceterias e clubes abraçaram o ritmo, que passou a dividir espaço com o pop, o freestyle e o início da música eletrônica.

O Lamba House reflete exatamente esse período de transição:

  • A lambada ainda forte

  • O house chegando com tudo

  • DJs buscando novidades

  • Pistas abertas à experimentação

Era comum ouvir uma lambada remixada logo após um hit internacional — e ninguém estranhava.

Curiosidades de almanaque

📌 O disco é hoje item de colecionador, especialmente em vinil.
📌 Nunca houve um “movimento lambahouse” oficial — o álbum é mais um registro criativo da época.
📌 A ideia de misturar ritmos brasileiros com batidas eletrônicas abriria caminho, anos depois, para outros estilos híbridos.
📌 Muitas dessas versões tocaram mais em pistas e festas do que nas rádios tradicionais.
📌Em 1990, estreava a novela Rainha da Sucata cujo tema de abertura era o hit "Me chama que eu vou" interpretado por Sidney Magal.
📌Beto Barbosa estourava no Brasil e no mundo, sendo consagrado o "Rei da Lambada".
📌Outros artistas e bandas entraram na vibe da lambada, destaque para: Banda Kaoma, Márcia Ferreira e Betto Douglas.


House e a memória 90’s

Ouvir Lamba House hoje é como voltar a um tempo em que a música dançante não tinha medo de misturar, testar e ousar. É um disco que talvez não tenha mudado a história da música, mas certamente marcou quem viveu aquela fase.

No espírito da Rádio 90’s Macapá, ele representa exatamente isso:

● memória,
●pista,
●nostalgia,
e muita história para contar.

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